Era Uma Vez... Um Livro

O Lobo Domado (Taming the Wolf) — Deborah Simmons — Clássico Histórico Especial nº20

Personagens: Dunstan de Burgh & Marion Warenne

Forte, corajoso, sempre alerta contra o perigo, Dunstan de Burgh, barão de Wessex, era comparado a um lobo selvagem. Destemido cavaleiro de mil batalhas, ele não acreditava no amor. Até o dia em que seu destino cruzou com o de Marion Warenne. Misteriosa donzela de passado nebuloso e olhar doce, Marion começou a derrubar todas as defesas armadas em torno do coração de Dunstan.

A única herdeira de uma fortuna, Marion Warenne decide fugir das garras do tio assassino sob a desculpa de fazer uma peregrinação. No entanto, a comitiva que a acompanhava é brutalmente atacada e Marion cai do cavalo, batendo a cabeça e consequentemente perdendo a memória.

Felizmente, ela é resgatada pelos irmãos Geoffrey e Simon de Burgh, que a chamam de Marion devido a um livro que encontraram e tinha o nome dela. Sem saber o que fazer, os de Burgh a levam para o castelo Campion, onde toda a família — exceto o irmão mais velho, Dunstan — a acolhem. Meses depois, a chegada de Dunstan, conhecido como Lobo de Wessex, coincide com a notícia de que Marion era a sobrinha desaparecida de um cavaleiro que ameaçava uma guerra contra os de Burgh caso ela não fosse enviada de volta.

Marion não queria partir, tampouco os de Burgh queriam vê-la ir embora. Mas a solução era mandá-la de volta ou algum dos rapazes se casar com ela. Dunstan se candidata a escoltá-la de volta para a casa do tio. Apesar de desmemoriada, Marion sabe que a) não quer voltar, porque o tio é perigoso e b) Dunstan também é, mas de uma maneira completamente diferente.

Com isso em mente, Marion foge. Mas Dunstan a persegue, e em algum momento, aquele jogo de gato e rato se transforma em algo mais...

Não se fazem mais livros como esse. E se fazem, estão bem escondidos das leitoras brasileiras. O Lobo Domado tem a medida certa de humor, romance, coadjuvantes inesquecíveis, cenas quentes e enredo para agradar a qualquer paladar. Definitivamente um dos melhores livros publicados na época da parceria Harlequin-Nova Cultural.

Dunstan inicialmente parece intimidante, já que é o herdeiro do conde de Campion. Mas com o passar do tempo, a gente percebe que ele é só do tipo caladão, quieto, que prefere a própria companhia, mas cujo apelo derreteria uma geleira. Ao contrário da maioria dos filhos daquela época, Dunstan tem suas próprias terras, o que explica porque ele não mora com o resto da família. Ele não tem certeza de que a história que ela conta é real, mas guarda sua opinião para si mesmo (ou seja, bonitão, rico e sensato...), apesar de ser ver mais e mais atraído por ela.

Marion, por sua vez, é o oposto perfeito para ele. Ao passo que o Lobo é grandalhão e intimidante, Marion é meiga e delicada. O que, claro, não a impede de aprontar todas e ter o Lobo aos pés dela. Responsável pela maioria das cenas cômicas, Marion também não perde a chance de encontrar as soluções para os próprios problemas, se recusando a esperar que Dunstan ou alguma outra pessoa a salve.

Adicione essas duas criaturas a uma série de situações estressantes — desde a adoração cega dos homens de Burgh as tentativas de fuga, da ameaça de um vizinho para as terras de Dunstan a grande tensão sexual entre os dois — e o que a gente tem? Um dos melhores livros lançados na década de 1990, que é tão bom que é praticamente impossível de ser achado no sebo.

A menos que alguém aí se contente com as versões lançadas pela Harlequin em 2007 e 2011. Esses sim são fáceis de achar — mas não tem a mesma mágica que a versão da Nova Cultural.